Em Memória da Memória

MAPS - Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial

“Em Memória da Memória: Interrogações e testemunhos pós-imperiais” explora as reflexões de académicos, artistas e ativistas sobre a Europa pós-imperial. A série coloca em destaque as histórias de pessoas cujas experiências se encontram moldadas pelas heranças coloniais e pelos processos de descolonização nos contextos de Portugal, Bélgica e França. Imagem: Márcio de Carvalho. Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto MAPS (ref. PTDC/LLT-OUT/7036/2020), coordenado por Margarida Calafate Ribeiro. read less
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Episodes

18. Que futuro para a Europa? Descolonização, restituição e reparação
07-03-2024
18. Que futuro para a Europa? Descolonização, restituição e reparação
36 episódios depois – 18 em português, 18 em francês – chegámos ao fim. O podcast “Em Memória da Memória” reuniu um conjunto de contributos, entrevistas e testemunhos a investigadoras e investigadores dos projetos Memoirs e MAPS, coordenados por Margarida Calafate Ribeiro no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, assim como conversas com artistas e ativistas cujo trabalho foi objeto de estudo no âmbito destas pesquisas. Num certo sentido, este podcast demonstra como um projeto de investigação se transforma num espaço que, para além de publicações, exposições e outros resultados, constrói também comunidades mnemónicas e sujeitos da pós-memória. Estas pesquisas contribuíram ainda para se pensar a Europa de um modo mais amplo e complexo, a partir de dimensões difíceis da sua história. Estes são processos que, pela sua natureza reflexiva, são sempre inacabados e, por isso, o fim deste podcast não representa necessariamente um fim, mas apenas um fechar de ciclo, que abre – esperamos – caminho a outras interrogações. Quem somos nós, portugueses, no pós-império? De que Europa é esta que falamos? O que fazer com a herança? Num contexto de intensas disputas históricas e memoriais, o último episódio deste podcast procura refletir sobre estas questões a partir das complexas noções de reparação e restituição. Com Roberto Vecchi, António Pinto Ribeiro, Judith Elseviers, Nú Barreto e Djamel Kokene-Dórleans.  A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio Carvalho. Dobragem de vozes: Judith Elseviers por Cátia Soares e Djamel Kokene-Dórleans por Júlio Gomes. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA. Podem ouvir ou recordar para memória futura todos os programas em Apple Podcasts, Spotify e noutras plataformas de podcasts ou em reimaginaraeuropa.ces.uc.pt. Partilhem-nos, comentem, avaliem. Até à próxima!   Sugestões de leitura: Ribeiro, António Pinto (2021), “A restituição”, in António Sousa Ribeiro (org.), A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento, 115-131. Vecchi, Roberto (2021), “Reconstruir, verbo não só transitivo”, Memoirs newsletter, 140.
17. Aimé Mpane: “Penso em francês e ao mesmo tempo tenho em mim uma cultura congolesa totalmente enraizada”
29-02-2024
17. Aimé Mpane: “Penso em francês e ao mesmo tempo tenho em mim uma cultura congolesa totalmente enraizada”
Aimé Mpane nasceu em Kinshasa, no Congo, em 1968, onde viveu até aos 24 anos. O seu pai era o reputado escultor congolês Placide Mpane, cuja carteira de clientes ia desde o governo de Mobutu e a igreja católica no Congo, a colecionadores europeus e turistas que começavam a visitar o país. A tradição da escultura em madeira foi apenas um dos muitos ensinamentos que Placide legou ao seu filho. Estávamos em meados dos anos 1990 quando Aimé deixa o país e vai viver para a Bélgica. Aí, confronta-se com o racismo e o preconceito, e a invisibilização das artes oriundas do continente africano. Decide-se então por uma abordagem que, não obstante ter um pé nas artes contemporâneas europeias, faz explícita vinculação à África negra, questionando o estatuto subalterno deste universo artístico. Artista visual e curador, hoje a vida de Aimé Mpane divide-se entre Bruxelas e Kinshasa. Uma identidade que deambula – talvez pudéssemos descrever assim a matriz plural em que se sustenta o artista. Não será por acaso que António Pinto Ribeiro o identifica como “o artista da relação”, que cria pontes entre o passado e o presente, entre a Europa e África, entre o individual e o coletivo. Mas ninguém melhor do que o próprio Aimé Mpane para nos contar o que significa, de facto, para ele, navegar entre duas culturas e dois espaços geográficos e afetivos distintos. Ouçamo-lo no mais recente episódio do “Em Memória da Memória”. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. A dobragem da voz de Aimé Mpane é de Júlio Gomes. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura:  Bluard, Christine; Verbergt, Bruno (2021), “O AfricaMuseum e os Artistas Contemporâneos: da necessidade de abrir coleções e arquivos à criação artística”, in Europa Oxalá - Ensaios. Porto: Afrontamento, 111-122. Conink, François de (2021), “Aimé Mpane”, in Europa Oxalá – Catálogo. Porto: Afrontamento, 30-31.  Ribeiro, António Pinto (2021), “Aimé Mpane, o artista da relação”, in Novo Mundo. Arte contemporânea no tempo da pós-memória. Porto: Afrontamento, 171-185.
16. John K. Cobra: “A cultura africana não pode ser apenas uma mercadoria para agradar aos compradores e turistas europeus”
22-02-2024
16. John K. Cobra: “A cultura africana não pode ser apenas uma mercadoria para agradar aos compradores e turistas europeus”
Roland Gunst aka John K. Cobra (seu pseudónimo artístico) nasceu na cidade de Boma, no Congo, em 1977, no seio de uma família bi-cultural, filho de pai belga e mãe congolesa. Diz-nos neste episódio que, quem quer que conheça, se adapta sempre à pessoa com quem está a interagir. Esse modo de funcionar, como lhe chama, parece emergir das experiências que teve durante a primeira infância no Congo, sem dúvida, mas também daqueles tempos difíceis que viveu quando se mudou com a família para a Bélgica, era Roland pré-adolescente. Neste contexto, a arte foi muitas coisas para Roland Gunst, mas começou sobretudo por ser uma âncora e uma terapia, um modo de projetar e reelaborar estas recordações magoadas da juventude.  Ao criticar o colonialismo, o imperialismo e o capitalismo, o trabalho de John K. Cobra desafia as relações entre poder e silêncio, opressão e resistência, entre trauma e testemunho. Foi o caso de “Trans-arquitetura”, o nome comum às instalações que criou para a exposição Europa Oxalá. Sobre tudo isto e muito mais, fala-nos hoje no mais recente episódio do “Em Memória da Memória”. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio Carvalho. A voz de Roland Gunst é dobrada por Júlio Gomes. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA. Algumas sugestões de leitura: Bourne-Farrell, Cécile (2021), “Virar a História do avesso”, in Europa Oxalá - Livro de Ensaios. Porto: Afrontamento, 91-108. Conink, François de (2021), “John K. Cobra”, in Europa Oxalá – Catálogo. Porto: Afrontamento, 44-45. Ribeiro, António Pinto (2021), “John K. Cobra, uma obra afropolitana”, in Novo Mundo. Arte contemporânea no tempo da pós-memória. Porto: Afrontamento, 139-150.
15. Márcio Carvalho: “A Europa toda está envolvida nisto. A malta quer ser contemporânea, quer ser europeia. Pá, vamos ser contemporâneos, ser europeus, vamos desconstruir-nos”
15-02-2024
15. Márcio Carvalho: “A Europa toda está envolvida nisto. A malta quer ser contemporânea, quer ser europeia. Pá, vamos ser contemporâneos, ser europeus, vamos desconstruir-nos”
Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Márcio Carvalho.  Oriundo de uma família multirracial constituída por angolanos e portugueses, com seis gerações nascidas em Angola, Márcio Carvalho nasceu em 1981 já em Lagos, Portugal. É artista visual, curador de arte contemporânea, ilustrador e vive atualmente entre Berlim e Portugal. O seu trabalho, recorrendo a diferentes suportes e linguagens, situa-se nas interseções entre a memória individual e a memória coletiva, entre poder e silêncio, entre lembrar e esquecer. “If my grandmother was a historian / Se a minha avó fosse historiadora” propõe-se pensar no que significa contar a história a partir de outros sujeitos, outras vozes, outras geografias e de outras disciplinas, e sobre o que esse gesto pode trazer de distinto aos movimentos de interpelação do passado e do presente.  Muitos dos seus trabalhos desafiam a memória celebratória associada a estátuas, toponímia e monumentos coloniais que ainda povoam muitas cidades europeias, e localidades um pouco por todo o mundo. Poder-se-ia dizer que as suas obras são, nessa medida, uma espécie de contra-monumento, desafiando narrativas dominantes e até a ideia do monumento e do arquivo como espaços estáticos e fixos. Em “Falling Thrones”, uma série de imagens que integrou a exposição Europa Oxalá, encontramos justapostas imagens a preto e branco de figuras do poder colonial como o rei Leopoldo da Bélgica, com as figuras coloridas de atletas negros que se destacaram também como militantes anticoloniais, num conflito de distintos corpos, experiências, memórias e heranças. Sobre tudo isso nos falará hoje no Em Memória da Memória, um podcast do projeto MAPS. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA. Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate (2023), “Heritage at Risk: Márcio de Carvalho”, Berlim: Camões – Centro Cultural Português.  Conink, François de (2021), “Márcio Carvalho”, in Europa Oxalá – Catálogo. Porto: Afrontamento, 52-53.
14. Djamel Kokene-Dorléans: “O único limite da arte é o seu próprio limite. É por isso que é livre”
08-02-2024
14. Djamel Kokene-Dorléans: “O único limite da arte é o seu próprio limite. É por isso que é livre”
Djamel Kokene-Dorléans nasceu em 1968 na Argélia, mas foi viver para França com 10 anos de idade, lugar onde vive e trabalha até hoje. A sua obra abrange o desenho, a escultura, a fotografia, a instalação e o vídeo, que usa para explorar as tensões entre a linguagem e a representação, a noção de identidade e de nacionalidade, o papel dos museus e os seus limites, bem como o diálogo entre objetos vivos e inanimados.   A decisão de deixar a Argélia não foi sua, mas dos pais, que tinham terminado o seu casamento quando ele ainda era muito pequeno. Nessa altura, o pai partiu para França e só o voltaria a ver com cerca de nove anos, quando ele retornou à Argélia para concluir o processo de divórcio. Nessa ocasião, decidiram que para dar melhores oportunidades de futuro a Djamel, que praticamente não tinha ainda frequentado a escola e que passava os dias como pastor, este deveria partir para França. Aos dez anos deixa, portanto, a Argélia e vai viver para a Bretanha com o pai e a sua nova mulher. A sua história familiar e as vivências da primeira infância e adolescência, diz, marcariam de forma determinante o seu caminho posterior e a sua forma de ver o mundo.  A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. A dobragem da voz de Djamel Kokene-Dorléans é de Júlio Gomes. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA. Algumas sugestões de leitura: Bideaud, Fabienne (2021), “Expor a memória dos símbolos, do corpo, das imagens: o possível vocabulário das/dos artistas afrodescendentes”, in Europa Oxalá - Ensaios. Porto: Afrontamento, 51-61. Conink, François de (2021), “Djamel Kokene-Dorléans”, in Europa Oxalá – Catálogo. Porto: Afrontamento, 38-39.
13. Europa Oxalá
01-02-2024
13. Europa Oxalá
Europa Oxalá. Este é o nome da exposição itinerante que, entre 2021 e 2023, passou por três cidades europeias: Marselha, Lisboa e Tervuren. O evento reuniu 60 obras – entre pintura, desenho, escultura, filme, fotografia e instalação – de 21 artistas afro-europeus que de alguma forma trabalham a partir das suas heranças coloniais. Interrogando-as, desafiando-as, problematizando-as e, no fundo, abrindo perspetivas alternativas à própria noção de Europa. As criações destes artistas geram uma reflexão única e inovadora sobre o racismo, a descolonização das artes, o papel da mulher na sociedade e a desconstrução do pensamento colonial nos espaços heterogéneos da Europa contemporânea. Alguns desses artistas passarão pelo podcast “Em Memória da Memória” durante as próximas semanas. Mas, antes disso, quisemos saber: o que representa uma exposição pioneira como Europa Oxalá para os campos da arte contemporânea e da história da arte europeias, ou mesmo para um renovado entendimento do mundo contemporâneo? António Pinto Ribeiro e Aimé Mpane, que comissariaram a exposição com Katia Kameli, contaram-nos o périplo que é montar uma exposição como esta e, pelo caminho, procuraram também responder a estas questões. A eles juntou-se, neste episódio, também o artista John K. Cobra, pseudónimo de Roland Gunst.  A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. A dobragem das vozes de Aimé Mpane e John K. Cobra é de Júlio Gomes. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA. Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate (2022), "Europa Oxalá - contemporaneamente Europa", Mundo Crítico, 8, 49-62. Ribeiro, Margarida Calafate (2021), “Europa Oxalá - um presente para o futuro”,  Europa Oxalá - Ensaios. Porto: Afrontamento, 63-78. Ribeiro, António Pinto (2021), “A exposição Europa Oxalá”, Memoirs newsletter, 142.
12. Zia Soares: “A única coisa que eu queria, desde muito nova, era poder chegar junto às pessoas e dizer coisas, dizer palavras”
25-01-2024
12. Zia Soares: “A única coisa que eu queria, desde muito nova, era poder chegar junto às pessoas e dizer coisas, dizer palavras”
Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Zia Soares.  Zia Soares é encenadora e atriz e foi uma das fundadoras do teatro Griot, companhia que dirigiu durante mais de dez anos. O trabalho de Zia e da companhia, pioneiro no contexto das artes performativas em Portugal, tornou-se, entre outros, num espaço de transgressão e de crítica, onde se reflete sobre a exclusão de pessoas racializadas, dos corpos negros e sobre a seletividade da História, que invisibiliza determinados discursos e narrativas. Faz escuro nos olhos, Os negros, O riso dos necrófagos e Uma dança das florestassão alguns dos espetáculos que produziram e estrearam ao longo do historial da companhia. No Em Memória da Memória de hoje, história familiar e elementos biográficos entrelaçam-se com aspetos da memória pública e de responsabilidade coletiva.  A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. As canções deste episódio são originais de Xullaji para os espetáculos FANUN RUIN e O riso dos necrófagos (cortesia dos artistas). Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA. Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate; Cruz Rodrigues, Fátima (2022), Des-Cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias. Porto: Afrontamento. Soares, Zia (2019), “Contemporaneidades, artes performativas e financiamentos: anacronismos da linguagem”, Memoirs newsletter, 78. Pinto Ribeiro, António (2019), “Negro por fora, vermelho por dentro - o Teatro Griot”, in Margarida Calafate Ribeiro e Phillip Rothwell (org.), Heranças Pós-Coloniais nas literaturas em língua portuguesa. Porto: Edições Afrontamento, 335-348.
11. Pós-memória, corpo e materialidade
18-01-2024
11. Pós-memória, corpo e materialidade
Qual é a relação entre materialidade e pós-memória? Ou, posto de outra forma: fará sentido distinguir o espírito e o corpo, o material e o imaterial, nos atos de memória de segunda geração? O “Em Memória da Memória” foi em busca de respostas para estas indagações.  Conversámos com Graça dos Santos, Margarida Calafate Ribeiro, Nú Barreto, Paulo Faria e Paulo de Medeiros. E confirmámos que para muitas das pessoas que se assumem herdeiras de um passado do qual não são titulares em primeira mão, as fotografias, os mapas e as cartas são tão importantes quanto as palavras, as narrativas e os silêncios produzidos na geração anterior. Isso não equivale a dizer que os objetos não são importantes. São, na verdade, absolutamente centrais para o reelaborar e renovar do testemunho, um testemunho que se torna possível, precisamente, se mediado e construído, muitas vezes, a partir dos objetos do domínio privado e da linguagem íntima, mas também do poder simbólico do corpo. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA. Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate (2021), “Memórias, pós-memórias e objetos”, in António Sousa Ribeiro (org.), A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento, 203-230. Vecchi, Roberto (2020), “A ausência: o material da memória”, Memoirs newsletter, 91.   Santos, Graça dos (2019), “Glotofobia: da discriminação linguística ao racismo pelo sotaque”, Memoirs newsletter, 60.
10. Ariana Furtado: “Eu quero que a minha sala de aula seja sempre uma sala de aula onde todas as crianças acreditem que são capazes de tudo”
11-01-2024
10. Ariana Furtado: “Eu quero que a minha sala de aula seja sempre uma sala de aula onde todas as crianças acreditem que são capazes de tudo”
Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Ariana Furtado.  Ariana Furtado nasceu em Cabo Verde em 1976 tendo vindo viver para Portugal com os seus pais era ainda bebé. Cresceu negra, filha de cabo-verdianos, no Portugal do final dos anos setenta e oitenta, filha de pai polícia, que tinha estado na guerra colonial em Angola. A sua biografia e a da sua família, ascendentes e descendentes, acabou por ocupar um lugar no trabalho pedagógico e social que faz. Sobretudo na área da educação, vocação maior e plenamente cumprida. Professora do 1.º ciclo do ensino básico, tradutora de livros infantis e coautora do projeto “Com a mala na mão contra a discriminação”, Ariana contou-nos neste encontro um pouco mais dessas suas mil faces.   Encontrámo-nos nas instalações do CES-Lisboa numa manhã de meados de março de 2023, acompanhada da sua filha Madalena. Foi com ela que regressou pela primeira vez a Cabo Verde. Sobre isso e muito mais falar-nos-á hoje no Em Memória da Memória, um podcast do projeto MAPS.  A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate; Cruz Rodrigues, Fátima (2022), Des-Cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias. Porto: Afrontamento. Santos, Hélia (2019), “Portugueses invisíveis”, Memoirs newsletter, 48.
8. Amalia Escriva: “Quando eu era criança, a Argélia era uma palavra complexa, porque sabíamos que havia perguntas que não podíamos fazer”
28-12-2023
8. Amalia Escriva: “Quando eu era criança, a Argélia era uma palavra complexa, porque sabíamos que havia perguntas que não podíamos fazer”
Em Memória da Memória, hoje sentamo-nos com Amalia Escriva.  Amalia Escriva pertence a uma família que viveu na Argélia durante várias gerações. As vidas de vários dos seus parentes – avós, pais, tios e tias – foram profundamente impactadas pela experiência da guerra e pelo processo de descolonização que se lhe seguiu. Muitos deles acabariam por abandonar o território um ano depois da independência nacional.   Conversámos com Amalia sobre a sua infância e sobre como cresceu a ouvir a palavra Argélia remetendo para um espaço nostálgico, de afetos, mágico, mas perdido. “França,” por sua vez, seria o lugar do frio, do abandono. Esses imaginários foram-se alterando com o tempo – muito fruto do seu trabalho posterior de cineasta e documentarista. Amalia falar-nos-á disso e de muito mais. Sobre como o seu avô paterno, por exemplo, a fez prometer que jamais regressaria à Argélia. Mas Amalia voltou, 50 anos mais tarde, mas voltou. E, desde aí, não mais deixou de lá voltar. Na ocasião em que primeiro regressou ao país fê-lo em trabalho. Queria contar a história da sua bisavó paterna, a quem deve o nome: Amalia Escriva. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. A voz de Amalia Escriva é dobrada por Cátia Soares. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate; Cruz Rodrigues, Fátima (2022), Des-Cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias. Porto: Afrontamento. Ribeiro, António Pinto (2021), "Amalia Escriva, a realizadora que filma  o fim de um povo", in Novo Mundo - a arte contemporânea no tempo das pós-memória. Porto: Afrontamento, 13-26.  Vecchi, Roberto (2018), "Memórias familiares e memórias públicas: campos de batalha", Memoirs Newsletter , 16, 1-3.
7. Saïd Merabti: “A minha mãe, quando eu saía para brincar, dizia-me sempre, colocando o dedo na boca, 'nunca digas que somos harkis'”
21-12-2023
7. Saïd Merabti: “A minha mãe, quando eu saía para brincar, dizia-me sempre, colocando o dedo na boca, 'nunca digas que somos harkis'”
Em memória da memória, sentamo-nos com Saïd Merabti.  A voz de Saïd Merabti é pausada e serena, seja quando evoca a sua infância na Argélia, onde nasceu em 1955, seja quando recorda a mudança para França, o país onde o seu pai se refugiou com a família em 1962, depois de proclamada a independência. O seu pai era harki. O termo, Saïd explica-lo-á, refere-se a uma pessoa, frequentemente de origem argelina, que colaborou com o exército francês durante a guerra da independência da Argélia.  As vivências dos anos da juventude nos bairros do norte de Marselha e aquelas que experienciou já na idade adulta fizeram-no um defensor da cultura berbere, um ativista antirracista e um cidadão ativo na criação, em França, de associações de harkis ou de familiares de harkis. Estima-se que perto de 60 mil harkis tenham ido para França depois da independência da Argélia. Aí, as suas condições de vida foram muito precárias, originando o sentimento de que eram desprezados, esquecidos e maltratados. Esta questão, que pode ser encarada como uma ferida ainda aberta, levou a que em 2021 o chefe de Estado francês pedisse publicamente desculpa a harkis e seus descendentes, a quem prometeu reconhecimento, reparações e reconciliação, embora sem adiantar grandes detalhes sobre como se iria desenrolar esse processo. A respeito destas e de outras difíceis heranças, ouçamos Saïd Merabti. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. A voz de Saïd Merabti é dobrada por Júlio Gomes. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate; Cruz Rodrigues, Fátima (2022), Des-Cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias. Porto: Afrontamento. Ribeiro, Margarida Calafate (2021), “Colonialismo, Descolonização, Pós-colonialismo - De Patrice Lumumba a Rhodes Must Fall”, in António Sousa Ribeiro (org.), A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento, 29-52.  Rodrigues, Fátima da Cruz (2021), “Filhos de memórias encobertas”, in António Sousa Ribeiro (org.), A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento, 147-166. Vilar, Fernanda (2020), “Documentos falsos. Documentos salvos”, Memoirs newsletter, 86.
6. França: fantasmas coloniais, Argélia e racismo
14-12-2023
6. França: fantasmas coloniais, Argélia e racismo
Os fantasmas do colonialismo, feitos memória e pós-memória, estão no centro dos debates sobre a nova identidade francesa no pós-descolonização. Uma França onde, com o fim do império e os fluxos populacionais que ele trouxe, os franceses e as francesas são também pieds-noirs – o equivalente dos retornados portugueses; harkis – que combateram com o exército colonial francês na Argélia; antigos combatentes; franco-argelinos cujos pais migraram para França antes e depois da independência; e descendentes de todos estes grupos. A França contemporânea é este caldeirão de pessoas diversas, com vivências e memórias muito diferentes do antigo império. No entanto, têm uma herança comum: testemunharam como as suas vidas – e as dos seus pais – foram afetadas por um momento histórico extremamente significativo, uma revolução que trouxe mudanças marcantes para as suas vidas, para a configuração dos seus países e para as suas identidades. Isso gerou uma variedade de narrativas de que ouviremos exemplos nos próximos episódios e que, de alguma forma, constroem uma história outra de França e da Argélia, a partir dos espectros familiares dos seus pais e avós.  Os argelinos, franco-argelinos e seus descendentes reivindicam hoje espaço para narrativas que efetivamente contem as suas histórias, contornando as lacunas, os silêncios e as divergências das memórias não-contadas dos seus pais, mães, tios e avós. Mas, sobretudo, ambicionam construir narrativas que preencham as lacunas, os silêncios e as divergências presentes na narrativa oficial do Estado francês, em particular no que diz respeito à guerra da independência da Argélia. Durante largas décadas, assim o conta Graça dos Santos no podcast de hoje, o Estado francês recusou-se a nomear explicitamente o evento, e isso, diz-nos, é sintomático de um mal-estar latente. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Santos, Graça dos (2021), “Colonialismo, migrações e identidades pós-coloniais: um passado / presente francês”, in António Sousa Ribeiro (org.), A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento, 97-113. Brahim, Rachida (2020), “Morrer por ser. O racismo estrutural na França Contemporânea”, Memoirs newsletter, 84.  Ribeiro, Margarida Calafate (2020), "A marcha obscura da história: a França em questão ou o fim da liberdade como boa consciência", Iberografias: Revista de Estudos Ibéricos, 16, 389-398.  Delauney, Morgaine (2019), “O Estado francês e o Estado português perante a chegada dos pieds-noirs e dos retornados”, Memoirs newsletter, 81.  Vilar, Fernanda (2019), “Silêncios que viram arte”, Memoirs newsletter, 55.  Nota biográfica: Graça dos Santos está radicada em França desde há mais de três décadas, onde chegou com apenas oito anos. É professora associada na Universidade Paris Ouest Nanterre La Défense, onde é diretora do Departamento de Estudos Lusófonos. Encenadora, atriz e professora de teatro, escreve sobre as noções de corpo físico/corpo social e sobre as representações cénicas do corpo e do povo. Cofundadora da companhia “Cá e Lá” (Compagnie bilingue français/portugais) tem desenvolvido um trabalho específico sobre o ator bilingue e sobre as conexões entre teatro e ensino das línguas. Faz parte da equipa do MAPS.
5. Verónica Leite de Castro: "Em casa não se falava, a palavra colonialismo eu não me lembro de ouvir em casa"
09-12-2023
5. Verónica Leite de Castro: "Em casa não se falava, a palavra colonialismo eu não me lembro de ouvir em casa"
Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Verónica Leite de Castro.  Verónica Leite de Castro é natural de Luanda, onde nasceu em 1959. O seu pai era português e emigrou para Angola, onde dirigiu um estabelecimento comercial. Aí, viria a conhecer a mãe de Verónica, mulher angolana, nascida na província do Uíge, filha de pai brasileiro branco e de mãe negra bacongo do norte de Angola. Verónica Leite de Castro cresceu numa família de mulheres, tendo conhecido o pai apenas aos 16 anos, depois de vir viver para Portugal.  As circunstâncias de ter crescido com uma história familiar profundamente intrincada com o colonialismo e com as relações de poder e de violência racista, sexista e de classe que ele produz impactaram a sua vida posterior. Quando se deu a revolução do 25 de abril de 1974, que pôs fim à ditadura em Portugal, ainda residia em Angola. No ano seguinte, veio viver para Portugal. Explica que não é retornada, que a sua história é diferente. Olhando para o caminho percorrido em termos de memória pública do colonialismo em Portugal, Verónica Leite de Castro destaca o modo como as heranças coloniais ainda moldam de forma determinante a sociedade portuguesa. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate; Cruz Rodrigues, Fátima (2022), Des-Cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias. Porto: Afrontamento.Santos, Hélia (2021), Traits de mémoires entre oublis: récits de deuxième génération à propos de la fin du colonialisme en Angola, in Graça dos Santos, José Manuel Esteves, Lina Iglesias, Gonçalo Plácido Cordeiro (org.), Voir/ Revoir - Revenir sur les traces, définir le présent : la péninsule Ibérique après les dictatures. Paris: Presses universitaires de Paris Nanterre, 63-80.Medeiros, Paulo (2020), "Memórias Pós-imperiais: Luuanda, de José Luandino Vieira e Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida", Revista Língua-lugar: Literatura, História e Estudos Culturais, 1, 136-149.Rodrigues, Fátima Cruz (2020), “Olha, eu não sou branca. Verónica de Fátima”, Memoirs newsletter, 109.
4. Paulo Faria: "Contar as minhas memórias das memórias dos outros é sempre uma forma de traição"
09-12-2023
4. Paulo Faria: "Contar as minhas memórias das memórias dos outros é sempre uma forma de traição"
Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Paulo Faria.  Paulo Faria nasceu em Lisboa em 1967. É escritor e tradutor literário e é muitíssimo provável que já se tenham deparado com o seu nome impresso em algum dos livros de Cormac McCarthy, Charles Dickens ou George Orwell que verteu para português. Em memória da memória do pai, mas também de um passado do qual se assume como sujeito implicado, escreveu dois romances – e outros textos – em torno dos legados da guerra colonial.  No podcast do projeto MAPS conversamos com Paulo Faria sobre silêncios, heranças e sobre as razões que explicam como para descobrir o pai, foi preciso primeiro descobrir a guerra: uma guerra contra o esquecimento, uma guerra com o luto, uma guerra contra o trauma, uma guerra consigo mesmo, uma guerra contra os modos como ainda hoje se pensa e conta este acontecimento em Portugal. Sobre tudo isso nos falará Paulo Faria no Em Memória da Memória. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Cammaert, Felipe (2022), Passados Reapropriados: pós-memória e literatura. Porto: Afrontamento. Cammaert, Felipe (2021), “Cristalizações de memórias alheias: A Guerra Colonial na escrita da pós-memória de Paulo Faria”, Abril, vol. 13, n. 27, 79-94.   Faria, Paulo (2021), “Esta guerra não é tua (II)”, Memoirs newsletter, 122.   Faria, Paulo (2020), “Esta guerra não é tua (I)”, Memoirs newsletter, 120.  Faria, Paulo (2020), Gente Acenando para Alguém que Foge. Lisboa: Minotauro. Faria, Paulo (2016), Estranha Guerra de Uso Comum. Lisboa: Ítaca.
3. Filhos de Império e Pós-memórias Europeias
23-11-2023
3. Filhos de Império e Pós-memórias Europeias
Ao terceiro episódio, o foco é o projeto de investigação MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-memórias Europeias, um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação, que decorreu no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra entre 2015 e 2021. O MEMOIRS propôs levar a cabo uma investigação comparativa que permitisse repensar a Europa contemporânea a partir dos seus legados coloniais e imperiais. A análise centrou-se em narrativas pessoais e artísticas projetadas através da literatura, das artes visuais e performativas, do cinema e da música, que lançam uma interrogação sobre o passado, o presente e o futuro da Europa. Focando-se nos elementos de uma geração que não experienciou o colonialismo e as guerras de libertação, ou que apenas muito indiretamente os viveu, o MEMOIRS explorou os conceitos de herança, descolonização e pós-memória. Os estudos de caso foram 3 países europeus, Portugal, França e Bélgica, e 7 países africanos, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe, Argélia e República Democrática do Congo. António Sousa Ribeiro, investigador do projeto, esteve no “Em Memória da Memória” para nos falar da abordagem interdisciplinar e comparativa do Memoirs.  A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original, MAPS, da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate (2021), "EUROPA, je t´aime moi non plus", Memoirs newsletter , 143, 1-5.  Ribeiro, António Sousa; Ribeiro, Margarida Calafate (2018), "A Past that Will Not Go Away. The Colonial War in Portuguese Postmemory", Lusotopie, 17(2): 277-300.  Ribeiro, António Sousa; Ribeiro, Margarida Calafate (orgs.) (2016), Geometrias da Memória: Configurações Pós-Coloniais. Porto: Afrontamento.  Figueiredo, Isabela (2015), Caderno de Memórias Coloniais. Lisboa: Caminho.  Nota Biográfica: António Sousa Ribeiro é investigador do CES e professor catedrático aposentado do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Germanísticos) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Dedica-se também à tradução literária, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Nacional de Tradução 2017. É membro da equipa do MAPS.
2. Pós-memória: o que cabe num conceito?
16-11-2023
2. Pós-memória: o que cabe num conceito?
A noção de pós-memória, cunhada por Marianne Hirsch no âmbito dos Estudos sobre o Holocausto, é um conceito que se tem vindo a generalizar na Academia e que hoje é aplicado em contextos geográficos, políticos e culturais muito distintos. O termo tem-se tornado um dos recursos privilegiados para interpelar as permanências coloniais nos diferentes países europeus. Disso nos dão conta no episódio de hoje António Sousa Ribeiro, Margarida Calafate Ribeiro e Bruno Machado, da equipa do MAPS, que percorrem connosco, "Em Memória da Memória", o percurso já vasto do conceito. A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.   Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, António Sousa (orgs.) (2021), A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento.  Ribeiro, Margarida Calafate (2020), ⁠"Arte e Pós-memória - fragmentos, fantasmas, fantasias"⁠, Diacrítica, 34, 2, 4-20. Ribeiro, Margarida Calafate (2020), ⁠"Uma história depois dos regressos: a Europa e os fantasmas pós-coloniais"⁠, Confluenze. Rivista di Studi Iberoamericani, 12, 2, 74-99.  Ribeiro, António Sousa (2020), ⁠"A quem pertence...?"⁠, Memoirs Newsletter , 119. Machado, Bruno (2011), ⁠“Os filhos dos “retornados”: a experiência africana e a criação de memórias, pós-memórias e representações na pós-colonialidade”⁠, dissertação de mestrado apresentada à Universidade de Lisboa.    Notas Biográficas: António Sousa Ribeiro é investigador do CES e professor catedrático aposentado do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Germanísticos) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Dedica-se também à tradução literária, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Nacional de Tradução 2017. É membro da equipa do projeto MAPS. Bruno Machado nasceu em 1982 em Lisboa. O seu pai passou a juventude em Angola, onde acabaria por se alistar na Força Aérea durante a Guerra Colonial. Angola tornou-se personagem constante em casa de Bruno, o que se repercutiu no seu trabalho de investigação, nomeadamente na elaboração de uma dissertação de mestrado sobre os filhos do retorno. É membro da equipa do projeto MAPS. Margarida Calafate Ribeiro é investigadora-coordenadora do CES. Em 2015 recebeu uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação (ERC) para desenvolver o projeto de investigação "Memoirs - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias". Atualmente, é a investigadora responsável pelo projeto FCT "MAPS - Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial".
1. Margarida Calafate Ribeiro: "A herança é sempre feita em luto, que é uma condição muito importante da pós-memória, e é sempre uma escolha"
01-11-2023
1. Margarida Calafate Ribeiro: "A herança é sempre feita em luto, que é uma condição muito importante da pós-memória, e é sempre uma escolha"
Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Margarida Calafate Ribeiro para falar de pós-memória e do já extenso percurso de investigação que tem desenvolvido nessa área. Em 2015, Margarida Calafate Ribeiro recebeu uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação para implementar o projeto de investigação «MEMOIRS - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias». Este projeto debruçou-se sobre os impactos dos legados coloniais nas gerações seguintes, ou seja, nas pessoas que não viveram os processos das guerras coloniais e das descolonizações, mas que, através de memórias familiares e públicas, os herdaram enquanto reminiscências do passado. Atualmente, é coordenadora do "MAPS, Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial". É no âmbito do MAPS que surge o Em Memória da Memória, o podcast que hoje se inicia, com entrevistas a investigadores e académicas da equipa, por um lado, e a filhos e filhas dos antigos impérios coloniais de Portugal, Bélgica e França, por outro.  Na entrevista de hoje, Margarida Calafate Ribeiro deixará bem claro porque é que a questão colonial não morre, nem morreu, com o fim do colonialismo, nem termina com aqueles que o levaram a cabo, que o sofreram ou que a ele resistiram.  A realização do podcast é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. No indicativo do programa, a música original, MAPS, é da autoria de XEXA e a voz é de Rui Cruzeiro.   Algumas sugestões de leitura: Ribeiro, Margarida Calafate; Cruz Rodrigues, Fátima (2022), Des-Cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias. Porto: Afrontamento Ribeiro, Margarida Calafate (2020), "Uma história depois dos regressos: a Europa e os fantasmas pós-coloniais", Confluenze. Rivista di Studi Iberoamericani, 12, 2, 74-99. Ribeiro, Margarida Calafate; Ribeiro, António Sousa (2013), "Os Netos que Salazar não teve: Guerra Colonial e memória de segunda geração", Abril: Revista do Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana da UFF, 5, 11, 25-36.